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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

15
Mar20

Uma nova crise económica mundial: os problemas e as "soluções"!

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O que aí vem não é uma simples recessão económica. É uma depressão económica profunda nunca antes vivida por nenhum de nós. Só uma mudança drástica na forma de atuação dos governos e dos bancos centrais é que podem contrariar o que aí vem. Injetar moeda na economia para «travar o colapso dos mercados» não é a solução. A solução passa por outras medidas que, infelizmente, não agradam ninguém... 

 

Depois do último texto publicado, que anuncia uma nova crise económica à escala mundial, pior do que qualquer uma que já tenhamos passado, ter atingido um número recorde de visualizações neste blogue, senti-me na obrigação de escrever um texto para apresentar algumas medidas que poderiam mitigar os efeitos da crise que aí vem, medidas estas que nunca serão acolhidas pelos governos nem pelos bancos centrais, é certo, mas que podem ter o efeito de os pôr a pensar a todos... e a nós também. 

 

Se há algo que ninguém tem dúvidas neste momento é que a pandemia que atualmente se vive resultará numa crise económica à escala mundial. Uns acreditam numa recessão económica "facilmente" ultrapassável, outros numa depressão económica profunda e duradoura. Eu sou daqueles que acreditam mais na segunda hipótese, mas só se nada se mudar e se se fizer o mesmo que sempre se faz nestes momentos, que é destruir a economia real com injeções desmedidas de moeda. E passo já a explicar.

 

Há pouco, num programa de televisão composto por um painel de pessoas "entendidas" em teoria económica – umas mais do que outras – tive a oportunidade de ouvir Manuela Ferreira Leite, uma economista e antiga ministra das finanças que eu muito admiro pela sua inteligência e honestidade intelectual, dizer que tem alguma esperança de que «a retoma desta recessão em que seguramente vamos entrar é bastante mais fácil do que a anterior que saímos, porque a anterior que saímos tinha uma origem num sistema financeiro e para recuperar dessa situação a primeira coisa que tivemos que conquistar foi confiança nos mercados, nos nossos parceiros». Pois bem, eu gostava de ter esta esperança, mas a verdade é que não tenho, não porque não quero, mas porque a razão não me deixa. É certo que não iremos precisar de conquistar a confiança dos mercados nem dos nossos parceiros, mas precisaremos de algo maior: que os governos tomem as medidas certas e que os bancos centrais não deitem tudo a perder.

 

Quais são as medidas certas que os governos deveriam tomar, nomeadamente o Governo português?

 

Em primeiro lugar, deveriam falar abertamente à população sobre a crise que aí vem. Serem honestos intelectualmente e terem pulso para tomarem as medidas certas, sem cederem a pressões, viessem elas de onde viessem. Em Portugal, há quem preveja que o pico desta pandemia seja atingido em maio, ou seja, se tudo correr pelo melhor, só lá para agosto é que o virus poderá estar totalmente erradicado e tudo regressar à "normalidade". A se confirmar, o resultado será uma queda na produção nacional nunca antes verificada. Em doze meses, o nosso sistema produtivo ficará parcialmente parado durante seis meses. Sim, SEIS MESES. E é por isso que uma das grandes medidas para não cairmos numa depressão económica profunda seria vivermos nos próximos tempos de acordo com as nossas possibilidades.

 

Como é que conseguiríamos viver durante um ano com o rendimento de seis meses?

 

Pois, eu não sei muito bem, mas sei que a forma mais correta não é viver com mais dinheiro do que aquele que resulta da produção. Se a produção cai, o rendimento tem de cair. Ou seja, teríamos de viver durante um ano com o rendimento de seis meses. Como? Racionando o nosso consumo de bens e serviços, ajustado à produção. Se até agora um frango assado dava para uma refeição para quatro pessoas, pois agora teria de dar para duas ou mais refeições. E se não houvesse frango, comiam-se ovos. E se não houvesse ovos, porque não haviam galinhas, comia-se arroz, batata e massa, sem proteína a acompanhar, como os nossos avós e bisavós fizeram noutros tempos. Racionar e saber escolher as prioridades seria o maior dos desafios nesta fase, mas seria um mal menor quando comparado com o cenário que pode resultar desta crise económica mundial: pobreza e fome, muita fome. Seria um período de muitos sacrifícios por parte de todos, tanto do lado dos trabalhadores, com a queda drástica do seu rendimento, como por parte do Estado e das empresas, com a queda de impostos e de existência de prejuízos, mas só assim poderíamos retomar a nossa economia e voltar à "normalidade". Temo, no entanto, que assim não será e que a pobreza e a fome se instale no nosso país e perdure no tempo, sabe-se lá até quando. E por culpa de quem? Muito provavemente, por culpa dos bancos centrais e das suas politícas monetárias expansivas, aquelas que servem para colocar mais dinheiro em circulação, iludindo os agentes económicos com uma riqueza virtual que não traduz a riqueza real. E o pior é que estas politicas monetárias expansivas já foram anunciadas.

 

Depois de ter anunciado há tempos um corte surpresa na taxa de juro em 50 pontos base, o Federal Reserve (Fed) anunciou esta semana que vai injetar 1,5 biliões de dólares – se preferirem, 1.500.000.000.000 de dólares – para travar «o colapso nos mercados». Ou seja, numa altura em a produção nacional e mundial deverá cair, o Fed injeta biliões de dólares que terão um resultado indesejável a médio/longo prazo: o aumento generalizado dos preços e a diminuição do poder de compra da população. As poupanças rapidamente serão destruídas pelo efeito da inflação. Não perceberam?! É pá, vão ler «A riqueza das Nações» de Adam Smith ou a «Teoria Geral do Emprego, do juro e da moeda» de John Maynard Keynes, que eles explicam muito bem como funciona o sistema económico. Aliás, nem é preciso, pois acho que qualquer pessoa que esteja agora a ler este texto consegue perceber muito facilmente que, sem produção, de nada serve o dinheiro. Vejam, por exemplo, o caso da Venezuela, que andou a imprimir notas atrás de notas até chegar ao ponto de gastarem mais papel para produzir as notas de bolívar que são necessárias para comprar um rolo de papel higiénico do que para produzir o próprio rolo de papel higiénico. O papel-moeda foi criado para nos facilitar a vida, mas a verdade é que só nos tem dificultado, muito por culpa dos bancos centrais e dos grandes magnatas financeiros que desviam o dinheiro da economia real para uma economia virtual onde o trabalho árduo não existe. Nos mercados financeiros, são só esquemas para extorquir dinheiro a quem verdadeiramente trabalha, trabalhadores que cada vez mais são escravos de uma cambada de ladrões que deveriam estar todos presos, bem encarcerados. Seria bom que a crise que aí vem servisse para darmos valor a quem realmente deve ser valorizado: trabalhadores que produzem os bens que nós consumimos, médicos, enfermeiros e os demais profissionais que cuidam da nossa saúde e cientistas e investigadores que contribuem infinitamente para a melhoria da nossa qualidade de vida. Não é valorizar com aplausos. É valorizar com medidas sérias, nomeadamente com salários mais elevados, pois aquilo que eles produzem vale muito mais do que aquilo que pagamos. 

 

[Para quem prefere ouvir e ver a ler, há um vídeo no YouTube que explica muito bem o parágrafo anterior, com recurso a um gráfico bastante simples. Para assistir ao vídeo, só tem de clicar na hiperligação que se segue, a vermelho, e ter a paciência de ouvir uma "curta-metragem" sobre teoria económica: CLIQUE AQUI]

 

Isto significa que, se o Banco Central Europeu (BCE) não injetar moeda na economia europeia, conseguimos superar mais rapidamente a crise economica que aí vem?

 

Não, muito provavelmente não. Em primeiro lugar, porque os governos e a população nunca tomarão nem aceitarão as medidas acima mencionadas. Segundo, porque é quase impossível o BCE não ceder à pressão dos mercados e não injetar dinheiro na economia europeia. Terceiro, nunca ouviram dizer que, quando os EUA espirram, a Europa fica constipada?! Sim, estamos condenados... Enfim, depois disto, só espero que este texto bata todos os recordes de visualizações deste blogue e que seja lido pelo máximo número possível de pessoas, não porque eu queira protagonismo ou ache que tenho a solução para a crise económica profunda que aí vem, mas porque gostava de pôr muita gente a pensar e repensar, vezes sem conta, no que devem fazer.

 

O que aí vem não é uma simples recessão económica. É uma depressão nunca antes vivida por nenhum de nós. Só uma mudança drástica na forma de atuação dos governos e dos bancos centrais é que podem contrariar o que aí vem. Injetar moeda na economia para «travar o colapso dos mercados» não é a solução. A solução passa por outras medidas que, infelizmente, não agradam ninguém...

 

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