Salvem os gatos, porra!
É a polémica do momento: Um bombeiro usou jatos de água para resgatar um gato do cimo de uma árvore. O gato caiu e o PAN apresentou queixa-crime contra o bombeiro.
Antes de mais, devo dizer que eu não sabia que era uma prática comum chamar os bombeiros para ajudar a resgatar um gato do cimo de uma árvore. Eu não sei se ainda é assim, mas, na zona onde eu nasci, quando um gato subia a uma árvore e começava a miar porque tinha medo de descer, não se chamavam os bombeiros: atiravam-se pedras e o raio do gato desaparecia num ápice.
Atenção que eu não estou a dizer que se deveriam atirar pedras aos gatos quando eles estão a miar em cima de uma árvore. Quero dizer, se for à noite… Na verdade, o que eu quero dizer é que, num país onde espetar lanças num touro (ainda) é tradição, não estava nada à espera que as pessoas se indignassem tanto com o facto de um bombeiro atirar jatos de água para um gato, mas acho bem. Eu próprio estou indignado e já vos digo porquê.
Mas então, se o bombeiro não atirou pedras e conseguiu resgatar o gato com vida, porque é que ele levou com uma queixa-crime?
Porque, segundo o partido político Pessoas-Animais-Natureza (PAN), e passo a citar, «existem provas que consubstanciam a existência de um ato de maus tratos de acordo com a Lei n.º 69/2014, de 29 de Agosto, que criminaliza os maus tratos a animais de companhia».
O que é que o PAN queria?!
Não sei, mas talvez que se mobilizassem mais meios, nomeadamente sapadores-bombeiros, autoescadas, helicópteros,… Enfim, todos aqueles meios que tanta falta nos fazem no combate aos incêndios e no salvamento de pessoas em risco de vida.
Mas não foi só o PAN que apresentou queixa da atuação do bombeiro. Segundo consta, o Grupo de Intervenção e Resgate Animal (GIRA) também apresentou queixa ao Ministério Público e a Associação Limiana dos Amigos dos Animais de Rua (Alaar) apelou a todas as testemunhas no local que fornecessem informações sobre o sucedido. E nem depois de a dona do gato ter agradecido na sua página de Facebook o trabalho desempenhado pelo bombeiro e ter feito saber que o gato estava bem de saúde e que já tinha sido visto pela sua veterinária se o assunto ficou encerrado e a queixa-crime foi retirada.
«Todos conseguimos ouvir o barulho do embate em seco. Não houve qualquer traumatismo, hemorragia, fratura?» – questionou a Alaar.
Realmente, aonde é que já se viu tentar resgatar um gato do cimo de árvore sem colocar um colchão insuflável por baixo para amparar a queda?! Tudo bem que um gato tem sete vidas, mas como é que o bombeiro sabia que o gato já não tinha caído sete vezes da árvore?
Mas não foi só a atuação do bombeiro que me indignou. A ausência do psicólogo também. Ou será que ninguém pensou que o gato poderia ter subido à árvore para se suicidar porque a dona não lhe dava Whiskas saquetas?
Um simples «bla bla» poderia ser o suficiente para fazer o gato descer do cimo da árvore de livre vontade e em total segurança.
Mais, aonde é que para a associação contra os abusos sexuais nos animais? Sim, abusos sexuais, ou será que também ninguém se lembrou de que aquele pequeno ser indefeso poderia estar a fugir de um gato com cio que o queria penetrar contra a sua vontade?!
Ah, pois é. Querem defender os direitos dos animais, mas depois esquecem-se de alguns direitos fundamentais.
Já agora, porque é que as Capazes ainda não disseram nada sobre este assunto? É porque, segundo consta, não era um gato: era uma gatinha!