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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

31
Jan21

O humor não tem limites...

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As piadas não matam. Nem fazem mal a ninguém. Muito pelo contrário. Fazem-nos bem. Porque nos fazem rir. Porque nos fazem pensar. Porque nos podem fazer tudo aquilo que dito de outra forma não o fariam. E quando não o fazem, não fazem mal na mesma. E é por isso que eu acho que o humor nunca deveria ser censurado. Nem o humor nem os humoristas. Deveriam ser todos livres de dizerem o que quisessem e bem entendessem sem correrem o risco de serem insultados, ameaçados ou até mesmo agredidos. Para mim, o humor não tem limites. A inteligência é que tem, mas só a de alguns!

 

Numa semana em que muito se falou de uma brincadeira de um concorrente de um programa televisivo, eis que vou falar sobre um tema que há muito queria falar: os limites das brincadeiras, das piadas e do humor. Antes disso, falemos daquilo que aconteceu nesta semana, até porque foi isto que serviu de mote para este texto: a expulsão de um concorrente de um programa por causa de um gesto que se confunde com a saudação Nazi. E digo «gesto que se confunde com a saudação Nazi» não porque ele não tenha feito com essa intenção, mas porque o mesmo gesto já era usado muito antes do nazismo, no tempo dos romanos, e continua a ser usado nos tempos que correm, nomeadamente em Portugal, no juramento de bandeira. Aliás, é usado em todo o mundo para tirar selfies. Mas vamos por partes. Comecemos pela expulsão do concorrente.

 

Ora bem, sobre a expulsão do concorrente, a minha opinião é muito simples: nunca a produção deste programa – ou reality show, se preferirem – deveria ter expulsado o concorrente por comportamento "impróprio" porque o programa não dispõe de um código de conduta. Na verdade, a ter havido alguém que "violou" o código de conduta do programa, esse alguém não foi o concorrente, mas sim a produção, pois sempre que um concorrente tem um comportamento "impróprio" no programa, a produção tem – ou pelo menos tinha – por hábito repreender o concorrente primeiro e só depois o penalizar, o que não aconteceu neste caso. Penalizou-o automaticamente e logo com uma expulsão. E porque é que a produção não o repreendeu primeiro? Porque dois colegas já o tinham "repreendido" – enquanto se riam –, mas o concorrente voltou a repetir o gesto. E só aqui notam-se logo duas incoerências. A primeira é a de que, quando se está a repreender o comportamento de alguém por algo que se considera ser grave, não se ri, sob pena de se estar a desvalorizar a importância da repreensão. E foi exatamente isso que aconteceu. A segunda é a de que, neste programa, quem tem o poder de repreender um concorrente é a produção e não os próprios concorrentes. Mal seria se fosse o contrário, pois não vejo ninguém de entre os concorrentes com moral para repreender nenhum colega pelo que quer que seja. Além do mais, tratando-se de um programa em que compete aos telespetadores decidirem o futuro dos concorrentes – no programa, mas não só –, não me parece correto que a produção tenha tomado esta decisão de forma unilateral sem consultar o público, porque «os portugueses é que decidem». E esta não é uma regra que foi inventada pelos concorrentes. É uma regra que foi criada pela própria produção: os portugueses é que decidem a continuidade ou a expulsão dos concorrentes e não a produção. E se me vão dizer que este caso constitui uma exceção à regra, porque se tratou de um comportamento "impróprio", relembro que, no passado, no mesmo programa, o mesmo concorrente teve um comportamento "impróprio", mas a decisão da produção foi diferente. Na altura, a produção submeteu o concorrente a uma votação extraordinária para os portugueses decidirem se deveria ser expulso por atitudes sexistas e homofóbicas. Curiosamente, os portugueses decidiram pela sua continuidade no programa [CLIQUE AQUI]. E o pior é que, neste caso em concreto, não era preciso dar início a uma votação extraordinária. Bastava aguardar três dias para saber o resultado da votação, pois o concorrente já estava nomeado, mas a produção não quis esperar e decidiu fazer aquilo que muito provavelmente faz quando não lhe agrada a votação do público...

 

Eu não sei se o concorrente seria o menos votado para continuar no programa, mas a verdade é que a decisão da sua expulsão competia aos portugueses e não à produção. Não obstante, cá fora, nas redes sociais, poucos foram os que ligaram a este "pormenor" e muitos foram os que criticaram e condenaram o comportamento do concorrente. Condenaram tanto que há até quem tenha invocado o Código Penal para dizer que aquilo que o concorrente fez foi um crime de incitamento ao ódio. E eu pergunto: A sério? Ao ódio de quem? E contra quem? Só se foi ao ódio de alguns telespetadores contra o próprio concorrente, mas sempre que alguém é atacado por fazer uma brincadeira não é crime. É bem feito, porque quem fez a brincadeira «pôs-se a jeito». E isto serve tanto para um simples indivíduo que não tem piada como para um humorista que faz disso a sua profissão. Mas sabem qual é a piada no meio disto tudo? No passado domingo, dia 24 de janeiro, quatro dias antes deste concorrente ter sido expulso por ter feito a «saudação Nazi», alguém que já fez o mesmo gesto na via pública obteve quase meio milhão de votos para ser Presidente da República. Ou seja, se for para ganhar um reality show, condena-se logo o comportamento do concorrente e pede-se a sua expulsão, mas se for para ganhar as eleições à presidência da República, aplaude-se, vota-se e tenta-se metê-lo no Palácio de Belém. Se não se conseguir, dá-se-lhe todo o tempo de antena – e até se adia o horário de transmissão da gala este mesmo reality show — para que esse candidato se possa vangloriar por uma vitória que felizmente, foi uma derrota. Piadas à parte, eis o mais curioso: ao contrário do gesto feito pelo candidato à presidência da República, o gesto feito por este concorrente contribuiu para que muita gente ficasse a saber um pouco mais sobre história e até mesmo sobre direito penal, o que é de louvar. E era aqui que eu queria chegar: por mais estúpidas que sejam as brincadeiras, elas podem contribuir para alertar, informar e até mesmo educar uma pessoa muito mais do que conversas sérias ou até mesmo repreensões. E é por isso que eu acho que nem as brincadeiras nem o humor – no sentido lato da palavra – devem ter limites, a não ser que ponham em causa a integridade física de alguém e/ou obriguem alguém a alguma coisa, claro. Mas afinal, o que é isto do «humor»?

 

De acordo com a Infopédia, «humor» é uma disposição do espírito que combina graça, ironia e divertimento. Enquanto processo imagético e textual, junta o nonsense lúdico, divertido, com uma sugestão que pode potenciar a crítica. Para Leon Eliachar, laureado com palma de ouro na IX Exposição Internacional de Humorismo, realizada em 1956, em Bordighera, Itália, «humorismo é a arte de fazer cócegas no raciocínio dos outros. Há duas espécies de humorismo: o trágico e o cómico. O trágico é o que não consegue fazer rir; o cómico é o que é verdadeiramente trágico para se fazer». Pois bem, para mim, humor é exatamente isto: a arte de fazer rir e pensar, uma arte que, tal como todas as outras artes, envolvem o pensamento e a imaginação. E é por isso que eu acho que nem a arte — o humor — nem o artista — o humorista — deveriam ter limites: porque o pensamento e a imaginação são infinitos. Quero dizer, nem sempre. Há quem os tenha finitos e muito limitados, mas para esses há uma solução muito simples: IGNOREM! Não percam tempo com algo que não percebem ou não gostam. Não gostam, não consomem. Simples. A piada foi estúpida e/ou sentiram-se ofendidos?! Eh, pá, há tanta coisa estúpida neste mundo que perder tempo a criticar uma piada "estúpida" acaba por ser mais estúpido do que a própria piada. Além do mais, não sejam "coninhas". É só uma piada. E o mais provável é que a piada não tenha sido feita a pensar em vocês. E, por favor, não ataquem um humorista só porque a vida dele é melhor do que a vossa. Se a vossa vida é uma "merda", já o era antes da piada e, muito provavelmente, vai continuar a ser se continuarem com esse comportamento de "merda". 

 

As piadas não matam. Nem fazem mal a ninguém. Muito pelo contrário. Fazem-nos bem. Porque nos fazem rir. Porque nos fazem pensar. Porque nos podem fazer tudo aquilo que dito de outra forma não o fariam. E quando não o fazem, não fazem mal na mesma. E é por isso que eu acho que o humor nunca deveria ser censurado. Nem o humor nem os humoristas. Deveriam ser todos livres de dizerem o que quisessem e bem entendessem sem correrem o risco de serem insultados, ameaçados ou até mesmo agredidos. Para mim, o humor não tem limites. A inteligência é que tem, mas só a de alguns!

 

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