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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

27
Jul18

Jantares românticos?! Com filhos é outra coisa...

Jantares românticos.jpg

 

Ontem, dia 26 de julho de 2018, celebrei com a minha esposa o nosso quarto aniversário de casamento. Era suposto irmos jantar sozinhos ao restaurante onde eu lhe pedi em casamento, mas, quando demos por nós, tínhamos os dois filhos “à perna”, um de cada lado, ambos com muita vontade de fazerem parte daquele momento especial: a nossa filhota que queria agarrar na mão do «papá» sempre que eu dava a mão à «mamã»; o nosso filhote que se iria querer agarrar à mamoca da «mamã» mal abrisse os olhos. Isto de fazer jantares românticos com os filhos é outra coisa...

 

No passado dia 26 de julho, o dia começou bastante cedo para mim: cinco e meia da madrugada, estava eu acordado, na cama, com a minha filhota lá deitada, acabada de sair do berço, a rebolar para cima de mim; seis e meia da manhã, estava eu, na cozinha, a preparar um pequeno-almoço supresa para a minha esposa, com a minha filhota a “ajudar”.

 

– Baão…

 

– Sim, o papá já te dá o balão. Não precisas de gritar…

 

– Baão…

 

– Chiu, que a mamã está a dormir. Calma...

 

– Baão…

 

– Eh, pá, cala-te, senão não te dou mais nenhum balão.

 

E depois do terceiro balão, a choradeira… Porquê? Porque ela só tinha duas mãos e já não sabia como agarrar os balões que eu ia enchendo. A sorte dela – e a minha também – é que se tratava apenas do quarto aniversário de casamento e ela conseguiu andar com os quatro balões pela casa.

 

[Ai, se fosse o décimo aniversário…]

 

Depois dos balões enchidos, da sala decorada e do pequeno-almoço preparado, era tempo de surpreender a minha esposa. Surpresa das surpresas: a minha esposa tinha pensado exatamente no mesmo que eu e tinha frutas, bolos e croissants, tudo escondido dentro de um tupperware, no armário da cozinha, para me preparar o pequeno-almoço.

 

– Oh, eu ia fazer o mesmo quando fosses para a casa de banho...

 

Enfim, juntámos o útil ao agradável e a surpresa passou a ser conjunta e bem mais apetitosa.

 

Depois do pequeno-almoço, a nossa filhota foi para o infantário, eu fui para o meu local de trabalho e a minha esposa ficou em casa... a tentar preparar-me outra surpresa.

 

«Amor, olha, estou chateada. Queria fazer-te uma surpresa e ir ter contigo almoçar, mas não consigo abrir o carrinho do bebé. Como faço?» 

 

Na verdade, o facto de ela não conseguir abrir o carrinho de bebé foi uma grande surpresa para mim, mas, pelos vistos, não era essa a surpresa que ela me queria fazer.

 

– Só tens te puxar para fora uma presilha que tem no lado esquerdo e levantar o carrinho. É fácil…

 

– Esquece, não consigo.

 

– Não faz mal. Eu vou a casa...

 

Que as mulheres não se entendiam com carros, isso já eu sabia, mas que não se entendiam com carrinhos de bebé, para mim foi uma grande novidade. Pior do que isto só mesmo o facto de eu já lhe ter convidado para irmos almoçar, muito antes de ela me ter telefonado:

 

«Porque recordar é viver, recordo aqui um dos momentos mais felizes da minha vida... Amor, arranja-te, porque hoje eu vou levar-te a almoçar ao McDonald's!» – a mensagem que eu lhe deixei no Facebook, seguida do nosso vídeo de casamento.

 

[Sim, McDonald’s. Qual é problema?! É um dos lugares que ela mais gosta... Aliás, fiz-lhe essa surpresa no «Dia da Criança» e ela adorou…]

 

Entretanto, quando já nada o fazia prever, eis que ela chegou ao meu local de trabalho com o carrinho montado e o nosso filhote dentro, mesmo a tempo da minha hora de almoço. Acabámos por não ir ao McDonald’s, mas só porque ela assim não o quis:

 

– Estás a gostar?

 

– Mais ou menos… A batata frita é congelada, a carne está muito seca e o milho frito dispensava. Tirando isso, a esplanada é agradável e esta brisa sabe bem.

 

– Pois... Eu também não estou a gostar muito da carne.

 

[Eu bem que tinha sugerido o McDonald’s…]

 

Depois do almoço, voltei eu para o meu local de trabalho e voltou ela para casa com o nosso filhote. No final do dia, como não poderia deixar de ser, um convite para jantar:

 

– Amor, arranja-te, porque vamos jantar.

 

– A sério?!... Mas não estás cansado?

 

– Estou, mas hoje é um dia especial e eu já tenho uma reserva efetuada. Ah, e não te preocupes com os bebés porque eu já combinei com os teus pais. Eles vão ficar cá em casa com os nossos filhotes, enquanto nós vamos jantar.

 

Pensava eu que ia ser assim, fácil, mas a verdade é que não foi.

 

– Papá… Papá… Papá… – gritou a minha filhota, vezes sem conta, mal percebeu que eu ia sair porta fora.

 

Como devem calcular, levámos a nossa filhota para o nosso jantar romântico, um jantar que estava reservado apenas para o «papá» e para a «mamã».

 

Apesar do imprevisto, o jantar decorreu com normalidade, com alguns telefonemas pelo meio, é certo, mas só porque queríamos saber se estava tudo bem com o nosso outro filhote, que estava em casa com os avós e... com uma otite. É verdade, no dia do quarto aniversário do nosso casamento, um dos tímpanos do nosso filhote rebentou e tivemos de ir ao médico no final da tarde, poucas horas antes do jantar. Por momentos, lembrei-me do dia do meu casamento, em que a minha esposa teve de ir ao hospital levar uma injeção, poucas horas antes da cerimónia da igreja, tudo porque, dois dias antes, teve uma cólica renal. No caso da otite do nosso filhote, tínhamos programado dar-lhe o antibiótico por volta das onze horas da noite e, por isso, das duas, uma: ou comíamos rápido para chegarmos a casa por volta dessa hora ou jantávamos com calma e pedíamos aos meus sogros que o levassem até ao hotel. De entre as duas opções, escolhemos a segunda, até porque eu tinha mais uma surpresa preparada, a maior de todas elas: passar a noite no hotel com a minha esposa e... com os nossos dois filhotes.

 

[Na verdade, já estava tudo combinado com os meus sogros, mas ela não sabia... e eu fingia também que não.]

 

Pois bem, dez e meia da noite e lá estávamos nós, no terraço do hotel, sentados ao redor de uma mesa, decorada com pétalas de rosas soltas, à luz das velas, e com os dois filhos “à perna”, um de cada lado, ambos com muita vontade de fazerem parte daquele momento especial: a nossa filhota que queria agarrar na mão do «papá» sempre que eu dava a mão à «mamã»; o nosso filhote que se iria querer agarrar à mamoca da «mamã» mal abrisse os olhos. Na verdade, este era o jantar das «bodas de flores e frutas» e, depois das margaridas e das rosas, nada melhor do que os nossos filhos para simbolizar os frutos da nossa relação e do nosso amor…

 

[E, pá, estou demasiado lamechas. Ainda devo estar sob efeito do álcool...]

 

Já com os nossos dois filhos a dormirem, embrulhados em mantas, uma visão panorâmica fazia-nos despertar:

 

– Daqui, quase que dá para ver o prédio onde vivemos. Só não dá porque aquelas árvores estão a tapar.

 

– Pois, mas dá para ver a igreja onde casámos, o hotel onde festejámos o nosso casamento,...

 

E foi entre memórias, conversas e gargalhadas (que quase acordaram os nossos filhotes), que eu decidi fazer-lhe a minha última surpresa:

 

– Vamos?

 

– Sim, vamos.

 

E só quando ela saiu do elevador é que percebeu que estava no andar dos quartos do hotel e que, naquela noite, não ia dormir a casa.

 

[Sim, nós ficámos a dormir num hotel que fica a cerca de 200 metros do prédio onde vivemos. Qual é o problema? O hotel é dos melhores. Além disso, só de pensar que no dia seguinte não ia ouvir a célebre pergunta «Amor, fazes a cama?», nem que fosse numa pensão...]

 

Era a segunda vez que íamos dormir naquele hotel, mas era como se fosse a primeira. Abrimos a porta e lá estava: uma cama do tamanho de um campo de futebol, pronta para fazermos aquilo que os jogadores fazem quando marcam golos, não tivesse a nossa filhota ficado deitada no meio de nós a fazer de videoárbitro.

 

[Como é óbvio, nós não saltámos um para cima do outro, para festejar, mas também não era esse o objetivo. Aliás, sempre me fez confusão aqueles homens que levam as mulheres aos hotéis apenas com o objetivo de fazerem sexo…]

 

Na verdade, aquando da reserva, eu já sabia que a nossa filhota teria de ficar na cama connosco, pois só havia a hipótese de colocar um berço no quarto, que seria sempre para o bebé. Portanto, nada de novo. De novo, só mesmo o pequeno-almoço do hotel. Da outra vez que lá ficámos, tomámos o pequeno-almoço no quarto e só agora é que eu me apercebi do grande erro que cometi na altura.

 

[Só para terem a noção, acabei de tomar o pequeno-almoço às 10 horas e só às 16 horas é que voltei a comer: uma sandes com queijo e fiambre.]

 

Resumindo e concluindo: Eu e a minha esposa, fizemos um programa romântico com os nossos dois filhotes e adorámos. Adorámos tanto que devemos repetir brevemente. 

 

Que este jantar sirva de exemplo para todos os pais – incluindo-me – e faça cair um dos grandes mitos urbanos do século XXI: que os filhos nos tiram todo o tempo do mundo e que são um obstáculo para fazermos o que quer que seja. Tempo há sempre, vontade é que não!

 

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