Festas de casamento?! Nenhuma como esta... – Parte 1/2
Fui a um casamento na praia e, sem qualquer sombra de dúvida, foi o melhor casamento que eu já fui, tirando o meu, claro. E só não foi melhor do que o meu porque não teve camarão, caso contrário, teria sido o melhor casamento da Região Autónoma da Madeira e arredores. E digo isto com toda a imparcialidade – e alguma inveja até –, pois, em termos de animação, foi um casamento digno de um filme de ação, aventura e comédia, com cenas picantes pelo meio.
Os noivos, claramente os mais animados de todos os casamentos que eu já fui, com danças (sincronizadas) que deixaram-me sem palavras, mas só porque eu sou um pé-de-chumbo. Pareciam que estavam mesmo felizes por casarem, juro-vos.
Dito isto, vou passar à descrição detalhada desta festa memorável, com pormenores que mais ninguém viu, não pelo menos da forma como eu os descrevo. Eu arrisco-me a dizer que até os próprios noivos vão deixar-se surpreender com a descrição que se segue...
Aviso: A descrição que se segue é da inteira responsabilidade do autor deste texto e não reflete, de forma alguma, a visão e/ou a interpretação dos noivos sobre aquele que foi – e será sempre, certamente – um dos momentos mais felizes das suas vidas. Aliás, assim que eles lerem este texto, o mais provável é que denunciem infração desta publicação e/ou deste blogue e me eliminem dos seus amigos do Facebook... Ou então não, porque têm um coeficiente de inteligência acima da média e sabem destinguir um texto humorístico da opinião de uma pessoa invejosa.
- A chegada dos convidados
Não é com muito orgulho – e muito menos satisfação – que eu digo isto, mas: fui dos primeiros convidados a chegar ao areal. Fui eu, a minha esposa, a minha filhota, a irmã dela, o seu marido, o seu filho e os meus sogros. Também foi um outro casal com dois filhos, mas só porque foram arrastados pela minha cunhada (tal como todos nós).
Porquê tão cedo?!
Porque a minha cunhada faz sempre questão de ser a primeira a chegar a este tipo de eventos porque não quer perder nada: o sol, o vento, a areia, as selfies,...
[Só para que conste: pela primeira vez, desde que os comprei, eu lavei os meus sapatos (no dia anterior), tudo por causa do casamento. O facto de não terem colocado um estrado até o lugar da cerimónia foi, definitivamente, uma surpresa para mim. E foi só por isso que eu fui praguejando todo aquele longo percurso de 30 metros... NA AREIA. Para compensar, um chapéu para os convidados – os mais carecas, certamente – não queimarem o alto da cabeça, enquanto esperavam pelo noivo. Para as convidadas, leques para se refrescarem e manterem a maquilhagem intocável, se bem que, com a "brisa" marítima que se fazia sentir naquele momento, não devem ter tido muita utilidade.]
- A chegada do noivo
Pois bem, depois de uma hora à espera e de já termos ponderado telefonar para a polícia marítima porque, muito provavelmente, o noivo estaria a tentar fugir da ilha a nado, eis que aparece o noivo VESTIDO TODO DE BRANCO E ANIMADO, COM UM SORRISO NA CARA DO TAMANHO DO MUNDO!
É verdade. Não sei se alguém estava à espera, mas eu, definitivamente, não estava. Nem da roupa branca nem do sapato de verniz e do cinto a combinar, ambos brancos. E só não estava à espera porque acho que a regra deveria ser os noivos irem todos de preto, pois um casamento é sempre um momento de luto para com a vida de liberdade e de boémia que morre naquele exato momento, pelo menos para o noivo. Enfim, de preto, só mesmo o fato de alguns convidados, não percebi muito bem porquê...
- A chegada da noiva
Ora bem, relativamente à chegada da noiva, o que mais me surpreendeu foi o facto de ela ter chegado pelo lado da praia de areia, bem junto ao mar, sem medo que viesse uma onda e a levasse para bem longe. Às tantas, foi uma sugestão do noivo, na expetativa de que os deuses estivessem do seu lado, não sei. A verdade é que não funcionou e ela percorreu todo aquele areal – bem mais longo do que os 30 metros que eu percorri – em pouco mais de 10 minutos. Se fosse eu, no mínimo, dois dias a andar, a passo de astronauta, só para não sujar os sapatos.
[Só para que conste: A noiva estava descalça. Assim, até eu...]
Escusado será dizer que, à medida que a noiva percorria o areal, a praia de areia transformava-se numa praia de calhau, como se de um sinal divino se tratasse caso o noivo estivesse a pensar fugir à última:
– Que atire a primeira pedra quem não quer que o noivo fuja...
[No meu casamento, foram os varredores de rua que ficaram dispensados de comparecer ao local de trabalho no dia seguinte.]
- A celebração do matrimónio
E agora, sim, a parte em que os convidados estão ansiosos pelo seu fim, não para saberem se a noiva diz «sim» ou «não» e/ou se alguém se opõe ao casamento, mas porque estão cheios de fome...
– Quando é que chega à parte da hóstia? Estou com fome...
[Risos...]
[Sim, eu sei: Era uma cerimónia civil – e não religiosa – e a senhora que lá estava a ler o contrato de casamento e a dizer tudo e mais alguma coisa a respeito dos noivos, nomeadamente a sua morada – que era a mesma, que vergonha! –, era uma funcionária da Conservatória e não um padre. Também não percebo: Como é que os noivos não conseguiram convencer nenhum padre a lá ir celebrar o casamento se havia tantas crianças?! Devem ter confirmado à última da hora...]
E porque casamento que se preze tem de ter sempre chuva, eis que caíram uns "pinguinhos", não sei se para abençoar o casamento ou se para satisfazer as minhas preces.
– Vamos para a zona do cocktail que parece que vem aí uma tempestade...
[Para quem acha que não passa de uma superstição e/ou de um simples ditado popular («casamento molhado, casamento abençoado»): no meu casamento também caiu «só uns pinguinhos», mas foi o suficiente para, três anos depois, eu ainda estar casado com a mesma mulher.]
E então, já estão cansados ou querem ler mais sobre este casamento, seus coscuvilheiros?
Só se pedirem com jeitinho...
Estou a brincar. Cliquem na hiperligação que se segue (a vermelho) e divirtam-se com a descrição desta festa de casamento como se lá tivessem estado.