Eu quero ser vegano...
Eu não sou vegano, mas há muito tempo que o quero ser. Não sei se algum dia o vou conseguir ser, mas sinto que, a cada dia que passa, estou cada vez mais próximo de voltar a tentar. Aliás, não tivesse a carne de vaca já descongelada, hoje teria sido massa com frango para o almoço... Quero dizer, com atum. Aiiiiiii... Com ovos, queria eu dizer. Porra, como é mesmo o nome daquilo com o que os veganos acompanham a massa?
Já há muito tempo que eu penso em me tornar vegano. A primeira vez que eu pensei foi na minha adolescência, a segunda foi agora. Da primeira vez, não só pensei como tentei parar de comer carne. Aguentei uma semana. Não aguentei mais porque, sempre que eu dizia que não queria carne, a minha querida mãe fazia questão de me colocar um bife do lombo grelhado no prato, caso contrário, seria hoje um vegano. Um vegano como quem diz, porque se há coisa que eu não deixei de comer naquela semana de "jejum" foram ovos e derivados do leite. Na altura, o veganismo ainda não era conhecido, não pelo menos na zona onde eu cresci. Quero dizer, acho que ainda não é conhecido... Na verdade, naquela altura, eu já era um visionário. Não consegui tornar-me vegano, mas a verdade é que a minha vontade nunca deixou de existir, não tanto pela ideologia, mas pelo desafio. Quase vinte anos depois, a vontade ressurgiu, desta vez mais pela ideologia do que pelo desafio, se bem que vai ser sempre um desafio. E porque é que ressurgiu? Porque vi um direto do Big Brother 2020...
É verdade, foi num programa televisivo onde os concorrentes são todos "burros" – segundo muita gente – que eu fui alertado para um problema bastante pertinente: o consumo da carne, do peixe e dos seus derivados. Sobre o consumo da carne e do peixe, eu já sabia qual era o problema, pois os animais irracionais também são seres vivos que merecem o mesmo direito à vida que os seres racionais. E para perceber isto não é preciso ser muito inteligente. Basta olhar para um porco e uma vaca como olhamos para um animal doméstico. Se não temos coragem de comer um cão, um gato ou até mesmo um coelho, por que raio é que temos coragem de comer um porco ou uma vaca?
[Atenção que, quando eu digo «vaca» – e «porco» também –, não o digo no sentido informal e depreciativo, como as pessoas que chamam alguém de «burro». Sou educado e... não sou canibal.]
Para quem já percebeu qual é o problema de comer carne – porque é muito fácil de perceber –, resta perceber qual é o problema de comer alimentos de origem animal para além da carne e do peixe. Pois bem, de uma forma muito resumida, o problema tem que ver com o facto de os animais que nos alimentam serem seres vivos que também têm sentimentos, sentem dor e sofrem. Ovos, mel e laticínios são alguns dos alimentos que os veganos não comem porque a sua produção envolve muito sofrimento por parte dos animais que os produzem. E antes que digam que o ser humano não tem culpa de as galinhas sofrerem bastante ao porem ovos – as mulheres também sofrem, coitadas –, quero lembrar aquilo que a concorrente relembrou: a quantidade de ovos que uma galinha é "obrigada" a pôr num aviário não tem comparação com a quantidade de ovos que ela põe num galinheiro de forma natural. O tratamento é outro e o sofrimento também. O mesmo acontece com as vacas que dão leite e as abelhas que produzem mel. Já imaginaram o que seria parirem todos os dias ou terem uma máquina presa nas vossas glandulas mamárias a vos sugar vários litros de leite por dia?
Resumindo e concluindo, o grande problema do carnivorismo é moral. Não tem que ver com a escassez de bens nem com o consumo de água que a criação de animais acarreta, mas sim com os direitos dos animais. E não tem que ver só com os direitos dos animais comestíveis. Dos não comestíveis também. Assim, de repente, para além dos animais domésticos, estou-me a lembrar dos touros. E é neste momento que eu gostaria de deixar uma palavra aos toureiros e aficionados de tourada: pior do que contribuir para o sofrimento e matança de animais por necessidade (de alimentação) é contribuir para o sofrimento e matança de animais por pura diversão e entretenimento. E não é preciso muito para interiorizarem e perceberem isto. Basta pensarem um bocadinho. Eu tenho fé... E por falar em fé, se acreditarem em Deus e na reencarnação, basta pensarem que, depois de morrerem, podem reencarnar num touro. Nunca tinham pensado? Pois, pensem nisso...
Eu não sou vegano, mas há muito tempo que o quero ser. Não sei se algum dia o vou conseguir ser, mas sinto que, a cada dia que passa, estou cada vez mais próximo de voltar a tentar. Aliás, não tivesse a carne de vaca já descongelada, hoje teria sido massa com frango para o almoço... Quero dizer, com atum. Aiiiiiii... Com ovos, queria eu dizer. Porra, como é mesmo o nome daquilo com o que os veganos acompanham a massa?