Diogo Faro, sei o que fizeste no Natal passado...
E isto é o que mais me preocupa, porque hoje ele pode ser um humorista ou ativista, mas amanhã poderá ser um político ou governante. E se há alguém que é falso e hipócrita enquanto humorista ou ativista imaginem o que não poderá ser como político ou governante. Às tantas, tem uma suástica tatuada num mamilo e a cara de André Ventura no outro...
Vivemos tempos difíceis. Tempos em que nos vemos privados de alguns direitos, liberdades e garantias. Felizmente, ainda temos a liberdade de expressão. Há quem a utilize para informar, com conteúdos importantes, verdadeiros e muito úteis. Há quem a utilize para fazer rir e/ou pensar, com sarcasmo, ironia ou gracejo. Há quem a use para confundir, desinformar e lançar o caos na opinião pública, com notícias falsas e teorias da conspiração. Não obstante, em nenhum dos casos – e friso, em nenhum – sou contra a liberdade de expressão. Defendo-a incondicionalmente, sem qualquer tipo de censura, nem insulto, ameaça ou agressão. Para uns, aquilo que pode ser ofensivo, para outros não é. Pode ser hilariante. Eu, por exemplo, dou por mim a rir muito mais com algumas teorias da conspiração do que com algumas piadas de humoristas. E quando não me fazem rir, fazem-me a pensar. E isto é saudável, porque rir faz bem à saúde e pensar faz bem ao cérebro. O que não é "saudável" – nem faz bem a ninguém – é invocar e/ou defender acerrimamente a liberdade de expressão para se falar aquilo que se quer e bem entende e não a invocar – nem a defender – para se ouvir aquilo que não se quer e se finge não entender. E não é saudável – nem faz bem a ninguém – porque, quando isso acontece, começamos a entrar por caminhos apertados e a caminhar para algo que assusta verdadeiramente e que se confunde com despotismo: liberdade de expressão só para os que mandam e decidem quem pode falar!
Em tempos de pandemia, muitos têm sido aqueles que têm utilizado a liberdade de expressão: uns para exprimirem os seus sentimentos, pensamentos e preocupações; outros para informarem e alertarem sobre tudo aquilo que mais nos preocupa na atualidade; outros para criticarem comportamentos, atitudes e atos irresponsáveis. Em todos eles, é de louvar a liberdade de expressão. O que não já é de louvar é que alguém utilize a liberdade de expressão para criticar os comportamentos, atitudes ou atos irresponsáveis dos outros quando têm exatamente os mesmos comportamentos, atitudes e atos irresponsáveis. E foi exatamente isso que Diogo Faro fez quando criticou todos aqueles que andaram em festas em tempos de pandemia depois de ele próprio ter feito exatamente o mesmo no Natal passado.
Então não é que Diogo Faro – um autointitulado humorista, ativista e (falso) moralista – criticou nas redes sociais o comportamento de todos aqueles que, «egoisticamente alienados da realidade», andam em festas e convívios com dezenas de pessoas e surgiram agora nas redes sociais fotografias dele em festas e convívios de Natal com mais de dez pessoas, aos abraços, sem máscara e sem vergonha na cara?! Desta vez, o «sensivelmente idiota» foi só idiota: criticou os outros por algo que fizeram quando ele próprio também o fez. Depois de descobrirem e o criticarem, ficou sensível: «Espero que nunca ninguém tenha de passar por isto», publicou Diogo Faro na sua página pessoal de Facebook já depois de ter publicado na mesma página «um comunicado, um pedido de desculpas, um agradecimento pelo amor, uma promessa de continuar a aprender» onde assume as suas «falhas e incongruências» e reconhece que foi «um ajuntamento de pessoas arriscado e desnecessário». Ora bem, sobre este "comunicado" e o respetivo pedido de desculpas, há algumas coisas que eu gostaria de dizer. Em primeiro lugar, quando se espera que «nunca ninguém tenha de passar» por aquilo que estamos a passar, não se ameaça ninguém de fazer o que quer que seja para que alguém passe pelo mesmo. E foi exatamente isso que Diogo Faro fez no seu comunicado: «Noutra ocasião, poderei adereçar o ódio que me é adereçado constantemente, diariamente, e de forma tão violenta, tanto de anónimos como de colegas, mas não é altura». E esta é só mais uma falha e incongruência de Diogo Faro. Em segundo lugar, gostaria de dizer que o que está em causa não é uma simples falha e incongruência. O que está em causa é muito mais do que isso. É pura hipocrisia e falso moralismo. «Falha» e «incongruência» seria se ele tivesse tivesse criticado um comportamento que ele próprio tinha tido há um, dois ou três anos, porque todos nós podemos aprender com os nossos erros e mudar com o tempo. Não foi o caso. Ele criticou comportamentos de pessoas que ele próprio tinha no momento em que os criticava. Portanto, ele não tinha nada que prometer «continuar a aprender». Tinha era de reconhecer que foi um autêntico hipócrita e falso moralista. E não digo isto de ânimo leve. Digo isto de forma consciente e bastante preocupado, porque isto é mais grave do que parece. E porquê? Porque ele é um "influencer" que conta com milhares de seguidores que o veneram, elogiam e o defendem incondicionalmente. E digo isto porque já o senti depois de ter feito um simples comentário na sua página. Ele não reagiu, mas logo reagiram e comentaram os seus seguidores, mas parecia que eu tinha acabado de entrar na página de Facebook de uma seita. Fosse ele político ou titular de um cargo público, já teria pedido a demissão, mas como não passa de um humorista ou ativista por contra própria, basta-lhe retirar-se por algum tempo e voltar quando isto já não for assunto. E isto é o que mais me preocupa, porque hoje ele pode ser um humorista ou ativista, mas amanhã poderá ser um político ou governante. E se há alguém que é falso e hipócrita enquanto humorista ou ativista imaginem o que não poderá ser como político ou governante. Às tantas, tem uma suástica tatuada num mamilo e a cara de André Ventura no outro...