Depois do novo coronavírus... uma nova crise económica mundial!
O problema do novo coronavírus não é a sua mortalidade. Também não é a sua contaminação. Muitos serão contaminados, mas "poucos" morrerão. O problema do novo coronavírus é algo bem mais assustador e preocupante: uma nova crise económica à escala mundial, pior do que qualquer uma que já tenhamos passado. Não morremos com o novo coronavírus, morremos com a nova crise económica que aí vem...
Para muitos, sei que este não é o momento para falar em crise económica. Não é o momento para falar em taxas de desemprego. Não é o momento para falar em pobreza. Neste momento, o assunto é outro e as prioridades também. O assunto é a pandemia do novo coronavírus e a prioridade é travar a sua propagação. Não contribuir para o alarme social é algo desejável e evitar o contacto social e tomar todas as precauções no que diz respeito à higiene pessoal é fundamental. Ficar de quarentena já não é somente uma opção. É mais do que isso. É um sinal de consciencialização. E ir à praia não é simplesmente um ato de estupidez. É um ato irresponsável que deveria ser punido, porque põe em risco a vida dos outros. Ainda assim, não é a propagação do novo coronavírus que mais me preocupa nem tão-pouco o comportamento insensato da maioria do comum dos mortais. A maioria de nós não vai morrer com o novo coronavírus. Muito provavelmente, até vamos viver melhor no imediato, em casa, sem trabalhar, com a casa cheia de bens alimentares e inúmeros episódios de séries da Netflix para ver. Em alguns casos, a pandemia do coronavírus até poderá ter um efeito positivo na natalidade. Fechados em casa, sem saber o que fazer, porque não fazer bebés? Aliás, mais do que fazer bebés, o coronavírus poderá ter o efeito positivo de fazer com que finalmente valorizemos aquilo que realmente interessa: a saúde, a alimentação e a família. O problema será depois, quando tivermos de voltar à nossa vida normal e a vida que nos espera já não ser normal nem a mesma que tínhamos deixado em "quarentena". Ninguém fala, mas já muita gente pensa. E alguns até já agem, como é o caso do banco central dos Estados Unidos.
Depois de ter anunciado há tempos um corte surpresa na taxa de juro em 50 pontos base, eis que o Federal Reserve (Fed) anunciou esta semana que vai injetar 1,5 biliões de dólares – se preferirem, 1.500.000.000.000 de dólares – para travar «o colapso nos mercados». O efeito do coronavírus chegou a Wall Street e não há lobo que lhe resista. E o pior é que a injeção de dinheiro não resolve nada. Só agrava. A injeção monetária de 1,5 biliões de dólares numa economia é como uma injeção de adrenalina num doente que está em paragem cardíaca: salva o coração, mas pode matar o cérebro.
Mas afinal, qual é o problema de uma injeção monetária desta dimensão se o efeito imediato é que passa a haver mais dinheiro em circulação para comprarmos mais bens e serviços?
Ora bem, o problema é exatamente esse: passa a haver mais dinheiro em circulação para comprarmos bens e serviços, mas não passa a haver mais bens e serviços para comprarmos com esse dinheiro. Pois bem, se há mais dinheiro, mas não há mais produção, o que acontece é óbvio: os preços aumentam. Não sou eu que o digo. É a teoria económica e a «lei da oferta e da procura». Quando a procura é superior à oferta, os preços aumentam. E não param de aumentar até que se atinja um novo equilíbrio, um equilíbrio que não satisfaz toda a gente, mas que é sempre melhor do que não satisfazer ninguém. Não perceberam?! Imaginem, por exemplo, que, por causa do coronavírus, os governos de todos os países decretavam um período de quarentena de 30 dias. Ninguém saía de casa, ninguém ia trabalhar. O que é que iria acontecer? Mais cedo ou mais tarde, falta de bens e serviços e... fome, muita fome, não por falta de dinheiro, mas por falta de produção. Inicialmente, o preço dos bens aumentaria até níveis nunca antes vistos e quando, finalmente, as pessoas percebessem que de nada lhes serviria o dinheiro, começariam a trocar bens por outros bens. Só assim é que faria sentido. Seria o regresso da economia de troca – a economia real –, aquela que verdadeiramente importa e que não engana ninguém.
[Para os interessados, há um vídeo no YouTube que explica muito bem o parágrafo anterior. Para assistir ao vídeo, só tem de clicar na hiperligação que se segue, a vermelho, e ter a paciência de ouvir uma "curta-metragem" sobre teoria económica: CLIQUE AQUI]
Na verdade, a injeção monetária de 1,5 biliões de dólares por parte do Fed não é uma injeção de adrenalina. É uma bomba atómica, uma bomba que pode levar à destruição da economia mundial e afetar significativamente a qualidade de vida das pessoas... por muito tempo. E o pior é que esta não deverá ser a única bomba. Muitas outras bombas atómicas serão lançadas, algumas delas pelo Banco Central Europeu (BCE). Na verdade, o que se prevê que aconteça é que os bancos centrais injetem dinheiro até mais não poderem, provoquem a sensação de riqueza na população – porque haverá mais dinheiro em circulação –, o aumento da moeda em circulação não se traduza num aumento da produção – muito pelo contrário, a produção deverá estar em queda – e os preços comecem a disparar. Depois disto, as consequências inevitáveis: o poder de compra das pessoas a cair drasticamente e as poupanças a serem destruídas pelo efeito da inflação. Elevadas taxas de desemprego e pobreza é o que eu prevejo para os próximos tempos. Filas em dias de promoções, só mesmo nos supermercados. Nas lojas de roupa e de gadgets, só mesmo as pessoas que enriquecem à custa dos outros...
O problema do novo coronavírus não é a sua mortalidade. Também não é a sua contaminação. Muitos serão contaminados, mas muito "poucos" morrerão. O problema do novo coronavírus é algo bem mais assustador e preocupante: uma nova crise económica à escala mundial, pior do que qualquer uma que já tenhamos passado. Não morremos com o novo coronavírus, morremos com a nova crise económica que aí vem...