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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

08
Dez20

Convívios de Natal em tempos de COVID-19...

Convívios de Natal.jpg

 

Afinal, os portugueses não morrem se apanharem COVID-19. Morrem é se não passarem o Natal em grandes convívios com a família toda. E deve ter sido por isso que o Governo anunciou um alívio das restrições nos dias 24, 25 e 26 de dezembro. No final, quem deverá ter razão será Marcelo Rebelo de Sousa, que disse, e passo a citar, «é provável que uma nova subida de casos e uma terceira vaga possa ocorrer entre janeiro e fevereiro». Aliás, com este Governo, não é provável. É quase certo. E deverá ocorrer já em dezembro!

 

Gosto muito do Natal. Gosto dos convívios. Gosto de receber os familiares cá em casa. Gosto de ser recebido na casa deles. Gosto dos jantares. Gosto dos almoços ajantarados. Gosto das entradas e dos pratos principais. Gosto das sobremesas. Gosto dos licores. Gosto das broas. Gosto de jogar à «bisca». Gosto de dar uma «rapa». Gosto de fazer rir. Gosto de brincar. Gosto de sair à rua. Gosto de ver as decorações de Natal. Gosto de ver a iluminação. Gosto da «noite do mercado». Gosto da fruta da época. Gosto do cheiro a laranjas e a tangerinas. Gosto das ponchas. Gosto de passear pelas ruas. Gosto de rever amigos. Gosto de desejar «Feliz Natal». Gosto de muitas coisas no Natal, mas também há muitas coisas de que eu não gosto. Não gosto das enchentes nos centros comerciais. Não gosto das filas intermináveis nos supermercados. Não gosto dos engarrafamentos. Não gosto da histeria nem do frenesim em torno das prendas. Não gosto de receber prendas. Não gosto de ostentação nem de exuberância. Não gosto de superficialidade. Não gosto de falsas aparências. Enfim, há tanta coisa de que eu não gosto no Natal, mas a verdade é que, em tempos de COVID-19, há uma que se destaca: a irresponsabilidade. Detesto. Abomino. Repilo. Que irresponsabilidade?! A de se querer – e de se deixar – festejar o Natal deste ano da mesma forma como se festejaram os Natais dos anos anteriores: com grandes convívios em família, aos beijos e abraços. Mas será que há pessoas que ainda não perceberam que estamos no meio de uma pandemia e que o distanciamento social é uma das medidas mais eficazes para combater a propagação da COVID-19? É que a ignorância e falta de informação já não servem de desculpas. Displicência ou despreocupação muito menos. Além do mais, há regras. Ou havia. E era exatamente aqui que eu queria chegar: Alívio das restrições nos dias 24, 25 e 26 de dezembro? Porra, o Governo só pode estar a brincar...

 

Eu não sei se foi para calar os empresários da restauração e lhes colocar uma prenda no sapatinho, se foi para agradar a população e aumentar a popularidade do Governo ou se foi para satisfazer os interesses dos políticos e eles poderem realizar os seus convívios de Natal com toda a família, mas a verdade é que o primeiro-ministro, António Costa, anunciou algo que nunca devia ter anunciado: um alívio das restrições nos dias 24, 25 e 26 de dezembro. E porquê? Porque, segundo António Costa, e passo a citar, «não deve ser o Estado a imiscuir-se na organização da vida familiar». Ou seja, não se deve imiscuir na organização da vida familiar no Natal, mas na organização da vida familiar nos casamentos, batizados, aniversários e outros tipos de convívios de família em fins de semana prolongados já se deve imiscuir. E muito. Bastante até. Eu não sei se foi por falta de pulso ou por incompetência, mas a verdade é que eu não me lembro de um Governo – nem de um primeiro-ministro – tão contraditório nas suas posições e medidas tomadas. É certo que as contradições não são de agora, mas, com a pandemia, tornaram-se demasiado evidentes. É que se notam à cara podre. Com contradições ou sem contradições, a verdade é que os portugueses ficaram contentes com este alívio e já não se devem queixar tanto das restrições nos próximos dias. E é isto que não se percebe no povo português: ora reclamam porque não há restrições, ora reclamam porque há restrições. Aliás, num país onde António de Oliveira Salazar foi eleito o «maior português de sempre», nem se percebe porque é que os portugueses reclamam tanto das restrições impostas pelo Governo. Ah, já sei: porque não existe a PIDE. Se existisse, não reclamariam tanto...

 

Eu não sei como é que se vão comportar os portugueses neste Natal, mas, cá em casa, o nosso comportamento vai ser igual ao que tem sido nos últimos dias: ninguém entra, ninguém sai, a não ser os membros do nosso agregado familiar. Visitas para ver o nosso filhote recém-nascido são sempre bem-vindas, mas só através do vidro da porta da sala. Na rua, podemo-nos encontrar, mas sempre com as máscaras colocadas na cara e cumprindo com as regras de distanciamento social. Cá em casa, ninguém vai correr riscos desnecessários, não pelo menos até as coisas melhorarem. E não sou só eu a dizer isto. Sou eu e a minha esposa. Esta é a nossa posição. E se me vão dizer que nós não temos coração nem sensibilidade para com os avós e tios, que muito gostariam de tocar, abraçar e beijar os nossos filhotes, deixem-me que vos diga que, neste momento, os nossos corações e a nossa sensibilidade estão com os nossos filhotes. São a nossa prioridade. Aliás, se não os mandamos para o infantário, para eles não correrem riscos, não vamos trazer os riscos para dentro da nossa casa, como é óbvio. Chamem-nos de paranoicos, chamem-nos do que quiserem. Não nos chamem é de egoístas, porque isso é algo que nós não somos nem estamos a ser. Chamem-nos antes de sensatos, coerentes e preocupados. Chamem-nos de responsáveis. Chamem-nos de altruístas. Sim, de altruístas, porque egoístas seríamos se não estivéssemos a cumprir com as regras e estivéssemos a fazer o que quiséssemos e bem entendêssemos sem nos preocuparmos com os outros. E isto é algo que, definitivamente, nós não estamos a fazer. Muito pelo contrário. Cumprimos com as regras e privamo-nos de muita coisa, porque nos preocupamos com os outros, com os que nos são próximos. Não nos podemos é preocupar com os outros mais do que eles se preocupam consigo próprios. E já não digo isto em tom de crítica. Digo isto porque é verdade. Quanto aos vossos convívios de Natal, façam-nos como quiserem e bem entenderem, porque o mais importante é aquilo que vocês querem. Pelo menos é este o entendimento do Governo.

 

Afinal, os portugueses não morrem se apanharem COVID-19. Morrem é se não passarem o Natal em grandes convívios com a família toda. E deve ter sido por isso que o Governo anunciou um alívio das restrições nos dias 24, 25 e 26 de dezembro. No final, quem deverá ter razão será Marcelo Rebelo de Sousa, que disse, e passo a citar, «é provável que uma nova subida de casos e uma terceira vaga possa ocorrer entre janeiro e fevereiro». Aliás, com este Governo, não é provável. É quase certo. E deverá ocorrer já em dezembro!

 

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