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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

20
Jan21

Confinemo-nos nas igrejas...

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Se é por causa dos comes e bebes, não se indignem. Agradeçam, pois com o aumento do desemprego e da pobreza extrema que se adivinha, é muito provável que aquilo que hoje não passa de uma simples hóstia possa vir a tornar-se num pequeno-almoço – ou até mesmo na única refeição diária – nos dias de amanhã. E é por isso que eu digo: confinemo-nos nas igrejas e imploremos a Deus, Nosso Senhor, que nos venha salvar...

 

Oito meses depois do fim do primeiro confinamento, eis que voltámos a um novo confinamento por causa da COVID-19, mas desta vez com uma realidade bastante diferente: com mais de 10 mil novos infetados e mais de 200 mortos por dia. Sim, por dia. No total, já ultrapassámos mais de 500 mil casos de infeção e mais de 9 mil mortos por COVID-19. E o pior é que os números não param de crescer diariamente, com recorde atrás de recorde. Neste momento, Portugal é já o país do mundo com mais novos casos de COVID-19 por milhão de habitantes. Não é da Europa. É do mundo. Em mortes, só é superado pelo Reino Unido. Os hospitais começam a ficar sobrelotados e os profissionais de saúde demasiado cansados. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está prestes a colapsar, mas há pessoas que não estão minimamente preocupadas e que continuam com comportamentos de risco que contribuem para a propagação do novo coronavírus e o aumento do número de mortos por COVID-19 em Portugal. E porquê? Uns, porque acham que morrem muito mais pessoas de outras doenças do que de COVID-19, nomeadamente de gripe. Só que não. Neste momento, a COVID-19 mata muito mais do que a gripe e é já uma das três doenças que mais matam em Portugal, atrás das doenças do aparelho circulatório e dos tumores malignos. A continuar assim, tornar-se-á na doença que mais mata em Portugal já em 2021, mas há pessoas ignorantes que ficaram presas no primeiro confinamento e nunca mais se atualizaram. Além do mais, esquecem-se de que estamos ainda em terreno desconhecido e que pouco se sabe as eventuais sequelas desta doença, mas pode ser que um dia se lembrem, quando já não se falar de COVID-19, mas sim de outros problemas de saúde associados a esta doença. Outros, porque acham que a COVID-19 só afeta as pessoas idosas e só mata aquelas que já ultrapassaram em muito a idade da reforma e que já estão na idade de morrer. Está mais do que visto que a COVID-19 afeta e mata pessoas de todas as faixas etárias, incluindo bebés, mas, uma vez mais, estamos a falar de pessoas ignorantes que nem devem saber o que são faixas etárias. Para além de ignorantes, são seres humanos execráveis que não se preocupam minimamente com a vida daqueles a quem devem a sua própria vida: pais e avós. Devem estar à espera que eles morram para receberem a herança. Outros ainda – e agora pasmem-se –, porque acham que ninguém morre de COVID-19, mas sim das doenças de que já padeciam. Se não padeciam de nenhuma doença e morreram infetados, então é porque tinham um sistema imunitário muito fraco e iam morrer na mesma. Enfim, pessoas demasiado estúpidas para perceberem que uma doença que afeta o sistema respiratório pode ser a causa de morte de qualquer pessoa, até mesmo de uma pessoa saudável. Mas numa coisa têm razão: iam morrer na mesma, só que não era já. E quanto mais tarde, melhor. Digo eu, que gosto muito de viver. Mas se assim não pensam, então atirem-se já de uma ponte, porque vão morrer na mesma e, no vosso caso, quanto mais cedo, melhor. Há outros ainda que juntam na mesma cabeça a ignorância e a estupidez e criam, alimentam e divulgam teorias mirabolantes de conspiração, nomeadamente que o novo coronavírus foi criado em laboratório para exterminar parte da população mundial e que a vacina não é mais do que uma forma de implantar chips  no corpo humano e monitorizar a população sobrevivente, mas para esses não tenho nada a dizer. Somente que deveriam ser colocados num colete-de-forças e internados num manicómio. Felizmente, nem todas as pessoas são ignorantes, estúpidas e irresponsáveis. Há muitas pessoas informadas, inteligentes e responsáveis. Infelizmente, não existem em número suficiente. E por isso é que tivemos de voltar a um novo confinamento. 

 

Com o novo confinamento, muitos são os temas que têm ressurgido e sido debatidos na atualidade, mas sobre muitos deles eu já falei na altura do primeiro confinamento, nomeadamente o teletrabalho e a telescola [CLIQUE AQUI], a telescola e os professores [CLIQUE AQUI] e, o mais importante de todos eles, a nova crise económica que se aproxima a passos largos por causa desta pandemia e dos respetivos confinamentos [CLIQUE AQUI]. Cheguei a falar até sobre o fim do primeiro confinamento e sobre as eventuais consequências que agora se verificam [CLIQUE AQUI]. Não obstante, há outros temas que surgiram neste segundo confinamento que muito têm sido debatidos, sobre os quais eu ainda não falei. Um deles tem que ver com o Governo e o alívio das restrições no Natal. O outro tem que ver com as exceções às regras do novo confinamento. Comecemos pelo Governo e o alívio das restrições Natal.

 

Ora bem, está mais do que visto e provado que a situação dramática que estamos a viver atualmente em território nacional é claramente uma consequência do alívio das restrições no Natal. Era algo que muita gente falava e previa muito antes do Natal, mas ainda assim o Governo achou por bem levantar as restrições e deixar nas mãos dos portugueses comemorarem a época natalícia da forma que quisessem e bem entendessem, com grandes convívios familiares, nas casas uns dos outros. Há quem divida as culpas entre as pessoas que não seguiram as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Governo, mas eu atribuo todas as culpas aos nossos governantes: ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e a todos os deputados da Assembleia da República. E porquê? Porque todos eles foram eleitos para tomarem medidas pela população e não o contrário. Para isso, não precisaríamos deles para nada. Era cada um por si e Deus por todos. Mas não, vivemos num Estado de direito democrático onde o Presidente da República, o primeiro-ministro e todos os deputados da Assembleia da República são eleitos para exercerem as suas funções da melhor forma possível e não para abdicarem dos seus cargos e incumbirem o povo da tarefa de tomar as decisões mais importantes. É verdade que o primeiro-ministro, António Costa, já veio a público dizer que assume as responsabilidades pelo alívio das restrições no Natal, mas de que serve? Continua a dizer disparates. De entre os muitos disparates que eu ouvi da boca de António Costa, destaque para aquele que eu considero ter sido o maior disparate de todos: que o Governo não aprovou quaisquer restrições no Natal porque sabia que os portugueses não as cumpririam. E agora os portugueses já sabem: para que uma lei não seja aprovada, basta garantirem ao Governo que não a vão cumprir. E o pior não são os disparates que ele diz. São os disparates que ele faz, nomeadamente a criação de exceções ao novo confinamento que não lembram ao menino Jesus.

 

De entre as várias exceções que foram criadas ao novo confinamento, o destaque vai para aquele que parece ter indignado mais as pessoas: o funcionamento das igrejas em pleno confinamento. Sim, o Governo achou por bem deixar as igrejas funcionarem normalmente e as pessoas poderem ir à missa neste segundo confinamento, quando, no primeiro confinamento, a realidade era muito menos dramática e esta exceção não existiu. Como é óbvio, eu entendo e compartilho desta indignação, pois não consigo perceber como é que um Governo deixa as pessoas poderem ir à missa ao mesmo tempo que pede – E EXIGE – às pessoas que fiquem em casa e evitem comportamentos de risco que contribuam para a propagação da COVID-19. Menos consigo perceber quando muitas das pessoas que vão à missa – se não a maioria – são pessoas que pertencem aos grupos de risco, nomeadamente idosos. Contudo, há algo que me deixa muito mais indignado do que esta medida irresponsável do Governo: a incoerência e o falso moralismo dos portugueses, daqueles que elogiaram o Governo por ter deixado as pessoas comemorarem o Natal da forma que quiseram e bem entenderam – e que são responsáveis pelo novo confinamento que agora se verifica – e que agora o criticam por deixar as pessoas irem à missa em pleno confinamento. E eu pergunto: Criticam porquê? Porque acham que o novo coronavírus se propaga muito mais facilmente dentro de uma igreja do que dentro de uma sala cheia de gente ou porque não há comes e bebes nas missas como houve nos vossos convívios familiares no Natal? Se é por causa dos comes e bebes, não se indignem. Agradeçam, pois com o aumento do desemprego e da pobreza extrema que se adivinha, é muito provável que aquilo que hoje não passa de uma simples hóstia possa vir a tornar-se num pequeno-almoço – ou até mesmo na única refeição diária – nos dias de amanhã. E é por isso que eu digo: confinemo-nos nas igrejas e imploremos a Deus, Nosso Senhor, que nos venha salvar...

 

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