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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

20
Out17

Comprar casa?! Só se for depois de a arrendar durante três anos... – Parte 2/2

Bens imóveis.jpg

 

Depois de uma primeira parte que, muito provavelmente, deixou muito boa gente a pensar se deve arrendar casa antes de a comprar – se ainda não a leram (ou já leram, mas já se esqueceram), cliquem na hiperligação acima, a vermelho, e (re)leiam-na antes de lerem o texto que se segue –, eis que chega o momento de contar a segunda parte de uma história real que, certamente, vai deixar muita gente a pensar se vale a pena comprar casa em vez de arrendar.

 

Pois bem, pensava eu que os muitos defeitos de construção e maus acabamentos estavam todos identificados e, de certa forma, resolvidos, quando, do nada, o teto do corredor que dá para as arrecadações dos vizinhos, mesmo atrás do apartamento onde eu vivo, começou a pingar. Primeiro a pingar, depois a correr água com muita frequência.

 

– Oiça, temos aqui um problema. O teto do corredor que dá para as arrecadações dos vizinhos começou a pingar e o pladur está quase a cair… Tem de vir ver isto!

 

– Vou já…

 

«Vou já», que é como quem diz, «passo por aí daqui a 2 semanas, depois de o pladur cair». E assim foi…

 

Qual era o problema?!

 

Um tubo da casa de banho do apartamento da vizinha, situado dois pisos acima do apartamento onde eu vivo, que provocava uma inundação cá em baixo sempre que ela abria uma das torneiras. Eu não percebi muito bem, mas acho que era o tubo que dava para o bidé.


Mas porque raio usava ela tantas vezes o bidé?!...

 

[Atenção: Pergunta retórica… Não quero saber a resposta!]

 

– Olá vizinha. Falei com o senhorio e ele disse-me que o problema da canalização da sua casa de banho já estava resolvido. É verdade?

 

– Sim, é verdade. Como tenho mais do que uma casa de banho, não uso aquela.

 

E assim se "resolviam" os problemas de canalização e os defeitos de construção deste prédio.

 

E depois disto, o que eu mais temia era que o vizinho do apartamento do piso de cima, logo acima do nosso, tivesse um problema de canalização idêntico e, em vez de começar a pingar no corredor, começasse a pingar-me água dentro do apartamento.

 

[Ai, a minha mobília…]

 

E mais cedo eu temia, mais cedo acontecia. Não, o vizinho de cima não teve um problema com a canalização, eu é que tive uma inundação…

 

Corria o mês de maio de 2015 quando, a dois dias de ir de férias com a minha esposa para os Estados Unidos da América, recebi um telefonema de todo inesperado:

 

– O vizinho acabou de me dizer que fechou a torneira do nosso contador da água porque no teto garagem, logo abaixo do nosso apartamento, pingava água por todo lado. Acho que temos a casa inundada…

 

– O quê?!... Mas já estás dentro de casa?

 

– Espera, estou a entrar. Olha, eu estou dentro de casa, mas não vejo nada.

 

– OK. Eu já vou a caminho…

 

[Isto já não era apenas defeitos de construção, era também muito azar... com alguma sorte à mistura.]

 

Pois bem, aparentemente, o apartamento não estava inundado, mas alguma explicação havia de existir para, no teto da garagem, mesmo por baixo do "nosso" apartamento, estar a correr água como se de uma nascente se tratasse. E foi só depois de eu ligar a torneira do contador da água que percebi todo aquele cenário: um dos tubos da nossa casa de banho tinha-se soltado da rosca e jorrava água por todo o lado.

 

Porque é que não ficamos com o apartamento todo alagado e a nossa mobília toda estragada?!

 

Porque, felizmente, havia uma brecha entre o chão da casa de banho e o soalho do corredor que fez com que a água se esvaísse por aí e passasse toda por debaixo do soalho. Na prática, tinha uma autêntica piscina debaixo do soalho, onde deveriam estar a nadar muitos daqueles seres rastejantes que volta e meia me apareciam a andar pelo chão da casa, mas só até a água se ter esvaído toda pelo teto da garagem.

 

E, desta vez, o senhorio não tardou em mandar alguém solucionar o problema: enroscar o tubo da água que se soltou, um tubo que nunca esteve bem enroscado.

 

– Já agora, confirme os outros ali na cozinha que é para não me acontecer o mesmo novamente.

 

– Pois, estes também não estão bem enroscados.

 

[Vão todos para a universidade e depois é isto: não temos canalizadores que saibam enroscar o raio de um tubo... PORRA!]

 

E foi já depois de eu falar com o senhorio que eu percebi que ele nada ia fazer no que dizia respeito ao soalho do "nosso" apartamento, não pelo menos enquanto o mesmo não apodrecesse por completo e/ou eu não ficasse com uma perna enfiada num buraco qualquer que, entretanto, haveria de surgir:

 

– Como deve calcular, este soalho não vai tardar em aprodrecer...

 

– Cá nada... Esta madeira é boa. Vamos aguardar e ver o que acontece.

 

Milagre ou não, a verdade é que, passados mais de dois anos, o soalho (ainda) não apodreceu, mas começou a ficar ondulado. Entretanto, os rodapés deslocaram-se da parede um pouco por toda a casa e a porta da casa de banho “privada” ficou totalmente emperrada e já não dá para fechar. Enfim, nada de grave quando comparado com o que poderia ter acontecido com aquela inundação, até porque, ao contrário da vizinha de cima, o problema da canalização do "nosso" apartamento ficou mesmo resolvido.

 

E quando eu pensava que já nada mais poderia acontecer: 

 

– Porra, o que é isto? Vão levantar o telhado da casa da frente e nos tapar a vista que nós tanto gostamos?!

 

É verdade, mesmo em frente ao "nosso" apartamento, alguém decidiu substituir o telhado antigo por um telhado novo, com uma armação em ferro bem mais alta do que a armação em madeira que lá estava anteriormente.

 

Conclusão: Taparam-me parte da vista da casa onde eu resido há mais de 3 anos e agora já não consigo ver o mar quando estou na cozinha.

 

[E agora, como é que vou cozinhar?!...]

 

E o pior de tudo isto é que eu acho que eles nem sequer tinham licença camarária e construíram um novo telhado – com novas dimensões – à margem da lei. E a prova disso mesmo foi que alguém do prédio onde eu vivo reclamou com os trabalhadores e eles obedeceram:

 

– Não podem colocar mais do que duas filas de blocos…

 

Com filas ou sem filas, a verdade é que aquela haste chumbada no meio do terraço já fazia prever, com toda a certeza, que a vista da janela da minha cozinha sobre o horizonte marítimo tinha os seus dias contados.

 

Porque é que eu não reclamei?!

 

Nem eu próprio o sei dizer. Talvez porque vivia num apartamento arrendado e achava que quem tinha de fazer alguma coisa era o senhorio…

 

[Sim, eu sei: Duhhhh…]

 

E foi na sequência deste meu pensamento (tolo) que eu telefonei ao senhorio a informá-lo sobre as obras e sobre a eventual desvalorização que o apartamento sofreria caso aquelas obras prosseguissem conforme planeadas.

 

Acham que o senhorio fez alguma coisa?

 

Claro que não. Às tantas, ele nem sequer percebeu o que eu quis dizer. Talvez, se eu diminuir o valor da transferência para a sua conta bancária já a partir do próximo mês, ele perceba o que eu realmente quis dizer…

 

[Se eu soubesse de ele não perceber…] 

  

Resumindo e concluindo: Há pouco mais três anos (e meio), comecei a arrendar um apartamento novo, bem localizado, com uma vista espetacular e agora já só tenho um apartamento "deteriorado", no meio de uma vizinhança de fugir, com uma vista para o telhado da casa do vizinho da frente.  

 

Como se não bastasse, tenho vizinhos no prédio que colam folhas A4 na porta da casa do lixo com a mensagem «Favor não cagar aqui!», tudo porque há alguém que decide fazer as suas necessidades fisiológicas neste mesmo lugar, mesmo ao lado da porta da garagem.

 

E eu pergunto-me:

 

De que me serviu ter vindo viver para um prédio onde se pagam rendas a rondarem os 750 euros – com exceção do meu, mas só porque é o único T2 – ou com valores de venda acima dos 200 mil euros – até meio milhão de euros – se depois tenho de levar com pessoas que usam este tipo de linguagem?

 

Se eu sabia que era para isto, tinha requerido habitação social e ido viver para aqueles bairros onde o valor da renda é irrisório e ainda se recebe o rendimento social de inserção...

 

[Sobre vizinhos, sugiro-vos a leitura do seguinte texto: Noites complicadas, dias difíceis e... vizinhos!]

 

E se depois de tudo isto continuam a querer comprar casa em vez de arrendar, então resta-me desejar-vos boa sorte, a sorte que, de alguma forma, me tem faltado!

 

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