Comer sopa dá fome... e engorda!
Não se trata de uma teoria. É mesmo um facto. E contra factos não há argumentos. Comer sopa não engana a fome nem faz emagrecer. Antes pelo contrário. Comer sopa dá fome e engorda e eu sou a prova disso mesmo: há três semanas que eu ando a comer sopa ao almoço e já aumentei três quilos!
Sei que este é um texto que poderá gerar muita indignação junto de alguns profissionais da alimentação, nomeadamente dos nutricionistas, mas a verdade é que é tempo de fazer cair um dos mitos (urbanos) que mais enganam as pessoas que querem perder peso: que comer sopa engana a fome e faz emagrecer.
Não se trata de uma teoria. É mesmo um facto. E contra factos não há argumentos. Comer sopa não engana a fome nem faz emagrecer. Antes pelo contrário. Comer sopa dá fome e engorda e eu sou a prova disso mesmo: há três semanas que eu ando a comer sopa ao almoço e já aumentei três quilos!
Mas afinal, porque é que comer sopa não engana a fome nem faz emagrecer?
Em primeiro lugar, porque aquilo a que nós chamamos de «sopa» não é sopa. É puré. E puré não engana a fome a ninguém porque já vai tudo tritutado. O estômago precisa de sólidos, bem grandes, para se cansar e fazer-nos sentir saciados. Em segundo lugar, porque, quando se come puré, dá uma fome desgraçada que é impossível não comer mais do que se comeria se não se tivesse comido sopa. Já diz o ditado «o que não mata engorda» e, no caso do puré, é bem verdade. Quando muito, o puré engana a fome dos bebés, nos primeiros meses de vida, quando o estômago deles têm apenas o tamanho de uma cereja, uma noz, uma ameixa. A partir do momento que o estômago de um bebé atinge o tamanho de uma maçã, o puré não só não lhes mata a fome como lhes dá fome quando eles não a têm.
Antes de comer a sopa:
– Maria, vamos comer a "sopa"?
– Não, na'queio.
– Não queres?! Não tens fome?
– Não.
– Não tens fome, mas vais ter de comer a sopa na mesma.
Depois de comer a sopa:
– Pronto, já acabou. Vamos dormir?
– Massa...
– O quê?
– Queio massa?
– Queres massa?! Então não tinhas fome?!...
– Massaaaaaaa...
– OK, já dou.
Depois de comer a sopa e a massa:
– Acabou... Vamos para a cama?
– Bo'acha...
– Bolacha?! Mas tu já comeste massa...
– Queio bo'acha. Bo'achaaaaaaa...
– OK, OK, já te dou uma bolacha... Mas é só uma!
Depois de comer a sopa, a massa e a bolacha e de já estar deitada na cama:
– 'eite...
– O quê?
– 'eite...
– Queres leite?! Mas tu não tinhas fome antes da sopa e, depois da sopa, ainda não paraste de comer?!...
[Só para que conste: Este diálogo é real e muito frequente cá em casa entre mim e a minha filhota de dois anos. Ela come sopa todos os dias.]
Se isto acontece com a minha filhota, que tem o estômago pouco maior do que uma maçã, imaginem com um adulto que tem o estômago maior do que uma melão (no meu caso, não se nota). E foi exatamente isto que aconteceu comigo nestas últimas três semanas: depois de comer sopa, uma fome louca e insaciável que quase me fazia falecer no meu local de trabalho, não fosse eu a correr comer um bolo a meio da tarde, só para me aguentar até chegar a casa. É que as mãos não paravam de tremer...
[Greve de fome a pão e água?! Isso é um luxo. Eu quero ver é quem é que consegue fazer greve fome a comer sopa...]
Mas será que isto acontece com todas as sopas?
Não, claro que não. Com a sopa que a minha mãe fazia, quando eu era adolescente, nunca me acontecia. Porquê?! Simples: porque ela não triturava os alimentos. A sopa levava praticamente os mesmos ingredientes que as sopas atualmente levam, só que nenhum dos ingredientes era triturado. Ah, e levava massa e carne de porco. Nessa altura, quando eu comia uma sopa feita pela minha mãe, passava as três horas seguintes sem comer. Atualmente, quando eu como uma sopa que, na verdade, é um puré, passo as três horas seguintes a comer: pão, bolos, bolachas, chocolates, batata frita, amendoim,...