Azar no jogo, sorte no amor!
A minha sorte no jogo é surreal. Contado ninguém acredita, mas, ainda assim, eu vou contar.
Eu sempre disse que a minha sorte no jogo era tanta que, se eu alguma vez ganhasse o 1.º prémio do Totoloto e/ou do Euromilhões, haveriam tantos totalistas que o prémio a dividir por todos não daria sequer para pagar um almoço. Pois bem, nunca ganhei o 1.º prémio do Totoloto nem do Euromilhões, mas já ganhei o 1.º prémio do Totobola (Extra).
É verdade, já ganhei um 1.º prémio do Totobola, um primeiro prémio que, sendo de um concurso extra, nunca daria prémios tão elevados como o Totobola (normal) de um qualquer fim de semana, mas que, à semelhança dos concursos extra de outras semanas, daria, no mínimo, cerca de 10.000 euros, a dividir pelo número de premiados, claro.
Quanto é que eu ganhei?!
Ganhei pouco mais de 10... Sim, pouco mais de DEZ EUROS. O número de premiados foi uma coisa absurda, nunca antes visto.
[Escusado será dizer que eu tinha apostado mais de 10 euros e que o prémio não deu para a despesa.]
Não obstante, já depois de casado, ainda cheguei a ganhar um terceiro prémio no valor de 948,78 euros – sim, um TERCEIRO PRÉMIO de quase NOVECENTOS E CINQUENTA EUROS –, mas, uma vez mais, escusado será dizer que o valor prémio era bem inferior ao valor de todas as apostas que eu já havia efetuado até então...
– Saiu-te um prémio de 950 euros há mais de uma semana e ainda nem sequer me convidaste para jantar fora...
[As mulheres não entendem...]
Enfim, a minha sina parecia dizer que eu estava destinado a não ganhar mais do que aquilo que gastava, mas eu teimava em não acreditar. Lembrava-me sempre do que a cigana havia me dito em tempos num dos jardins de Belém:
«Você vai ser um grande empresário.»
[Para quem ainda não ouviu falar sobre a minha sina: clique na hiperligação acima, a vermelho, e fique logo a saber.]
Talvez iludido pela "visão" da cigana – e, claramente, não conformado com minha falta de visão para o negócio –, decidi apostar em algo novo, algo que não iria fazer de mim um grande empresário, certamente, mas que poderia transformar-me num grande acionista, o que, na prática, seria quase a mesma coisa.
Sim, comecei a "apostar" em ações e, naquele momento, tinha de ser em ações da SAD do Sport Lisboa e Benfica.
[Não, eu não sou benfiquista, mas o Benfica estava prestes a ganhar a Liga Europa contra o Chelsea e eu não poderia deixar de ganhar uma pipa de massa com tal feito inédito.]
Para começar, comprei logo 500 ações a 2,95 euros. O objetivo era vender as ações a pouco mais de 3 euros, ou seja, ganhar um pouco mais de 30 euros, tudo para levar a namorada a jantar, claro. Ainda mal tinha comprado as ações e o preço das mesmas já estavam a cair... A cair, a cair... Em menos de uma semana, cada ação já só valia 2,45 euros.
«Bem, não tarda nada, isto vai começar a subir. Vou comprar só mais 100 ações e, mal atinjam os 3 euros, vendo-as e ganho mais 50 euros do que o inicialmente previsto. Com 80 euros, já sei onde a levar a jantar.» – o pensamento tolo que invadiu a minha cabeça naquele momento ganancioso.
O que é que se seguiu?!
Uma queda ainda mais drástica, claro, logo depois de o Benfica perder a final da Liga Europa contra o Chelsea.
[Ainda hoje acho que o Benfica perdeu a final por minha culpa... E não, não o fiz de propósito.]
Quanto vale hoje cada ação da SAD do Sport Lisboa e Benfica?!
Ora bem, neste exato momento, deixem-se só confirmar... menos de 1,50 euros. Sim, MENOS DE UM EURO E CINQUENTA CÊNTIMOS!
E se muitos dizem que os apostadores costumam ter sorte de principiante, eu achava que estava a ter azar de principiante e foi só por isso que voltei a comprar ações.
É verdade, não gosto de perder nem a feijões e muito menos para o Benfica. E não, desta vez não voltei a cometer o mesmo erro e, em vez de comprar ações de uma SAD, comprei ações de um dos maiores bancos portugueses, um daqueles que jamais entraria em insolvência: Banco Espírito Santo.
Sim, eu comprei ações do Banco Espírito Santo, mas só depois de o antigo Presidente da República Portuguesa, Prof. Doutor Cavaco Silva, garantir que os portugueses podiam confiar no banco.
E já que o Presidente da República o garantia, comprei logo uma quantia considerável de ações.
[Na verdade, "considerável" é apelido, pois o que mais não faltam são nomes para denominar a quantia de ações que eu comprei do BES. Se quiserem saber algum dos nomes, falem com a minha esposa. Ainda hoje ela lembra-mos...]
O que foi que aconteceu?!
Faliu, pois claro. O que mais havia de acontecer?!...
[Juro que nunca pensei que a minha "sorte" poderia falir um banco. FALIR, PORRA!]
O que foi que aconteceu às minhas ações e ao dinheiro investido?!
As ações, ainda as tenho. Quanto ao dinheiro investido, parece que foi para pagar os erros dos outros.
[Só para que conste: Não foram erros, foram roubos, se bem que os ladrões continuam à solta.]
Para além das ações do Banco Espírito Santo (Em Liquidação), ainda tenho ações de outras grandes empresas que têm se aguentado em atividade ao longo destes últimos anos, mas que já só temo que a qualquer momento entrem também elas em processo de insolvência. Aliás, nos últimos três anos, o que mais fizeram algumas delas foi aumentar o seu capital social, fazendo diminuir drasticamente o preço de cada uma das suas ações.
[Sei que um dia vou arranjar um trabalho em que ganhe um salário milionário e a venda destas ações ao desbarato ser-me-ão muito úteis... para deduzir as perdas no IRS.]
Desde então, nunca mais voltei a comprar ações, como é óbvio, mas continuo a tentar a minha sorte, desta vez no Placard, o jogo perfeito para mim, tendo em conta que os prémios não dependem do número de apostadores vencedores.
Como tem sido a minha sorte no Placard?!
Como os prémios não dependem do número de apostadores vencedores, raramente ganho alguma coisa, a não ser depois de já ter gastado o suficiente para ganhar umas poucas dezenas de euros.
E antes que tenham pena de mim e/ou pensem que tudo é mau na minha vida, fiquem sabendo que eu tenho azar no jogo, mas muita sorte no amor:
– Amor, tens um euro para eu jogar no Placard?
– Sim, tenho. Toma...