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Sem Sentido

Um blogue sem sentido... de humor!

12
Set18

Abusos sexuais na Igreja Católica?! Estranho era se não houvesse...

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Conheço alguém que acha que todos aqueles que vão para padre ou são homossexuais ou são loucos, porque um dos maiores prazeres da vida é fazer sexo. Ora, tendo em conta que a maioria dos padres faz sexo, quer seja com homens, quer seja com mulheres, loucos são só aqueles que o fazem com crianças. E é por isso que não são os homossexuais que precisam de ajuda psiquiátrica, mas sim os pedófilos.

 

Há pouco mais de duas semanas, o Papa Francisco recomendou aos pais o recurso à psiquiatria assim que estes se apercebam de tendências homossexuais nos seus filhos durante a infância. Na altura, eu cheguei a pensar que a recomendação era no sentido de serem os pais – e não os filhos – a recorrerem à psiquiatra, mas não: são os filhos com tendências homossexuais – e não os pais com tendências homofóbicas – que devem recorrer à psiquiatria para perceberem «como as coisas são».

 

«Quando [a homossexualidade] se manifesta na infância, a psiquiatria pode desempenhar um papel importante para ajudar a perceber como as coisas são. Mas é outra coisa quando ocorre depois dos vinte anos.»

 

Como é óbvio, a recomendação do Papa Francisco não caiu muito bem junto de alguma opinião pública, nomeadamente de algumas associações LGTB francesas, que logo se chegaram à frente para classificar as palavras do sumo pontífice de «graves e irresponsáveis» e condenar «esta proposta que recupera a ideia de que a homossexualidade é uma doença».

 

«Ora, se há uma doença é esta homofobia enraizada na sociedade que persegue as pessoas LGBT.»

 

Face às críticas, o Vaticano acabou por corrigir a declaração do Papa Francisco sobre a homossexualidade, dizendo que o sumo pontífice «não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma doença psiquiátrica»mas a verdade é que nem o Vaticano nem a Santa Sé têm moral para corrigir quem quer que seja no que toca a esta temática, pois a posição da Igreja Católica continua a ser a de que os atos homossexuais são «contrários à lei natural» e «não podem, em caso algum, ser aprovados».

 

«[Os atos de homossexualidade] são contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.»

 

Ora bem, basta olhar para o afresco «A Criação de Adão», pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina, para se perceber que o próprio Adão – o da esquerda – era homossexual, ou acham mesmo que aquela pose e aquela mãozinha é coisa de quem gosta de mulheres? Além do mais, se Deus é o criador de todas as coisas, porque razão há de ser a homossexualidade uma exceção? Às tantas, «não tinha a intenção»...

 

Enfim, com intenção ou sem intenção, a verdade é que tanto o Papa Francisco como o Vaticano conseguiram desviar as atenções de um tema bem mais importante e atual: os abusos sexuais de menores na Igreja Católica. E é por esta e por outras que não se percebe a posição da Igreja Católica no que diz respeito à sexualidade, pois se, por um lado, condena veementemente a luxúria entre os fiéis, nomeadamente a masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais, por outro lado, é demasiado conivente com os atos sexuais bem mais levianos e doentios praticados pelos sacerdotes. É certo que o Conselho de Cardeais do Vaticano já veio dizer que a Santa Sé vai prestar, muito em breve, todos os «esclarecimentos necessários» em relação ao escândalo dos abusos sexuais que abalou a Igreja Católica nas últimas semanas, mas a verdade é que, enquanto a castidade, a continência e o celibato continuarem a ser condições obrigatórias para o exercício do sacerdócio, o mais provável é que os escândalos sexuais continuem a surgir. Não é que eu ache que a abolição destas três condições erradicaria por completo os casos de abusos sexuais na Igreja Católica, mas acredito verdadeiramente que a procura de sexo dos sacerdotes junto daqueles que são mais vulneráveis diminuiria radicalmente. Para isso, é necessário que a Igreja Católica comece a encarar o sexo – entre adultos e com mútuo consentimento – como algo perfeitamente normal e desejável na vida de qualquer ser humano e não como algo que é «moralmente desordenado» quando não tem por finalidade a procriação.

 

Fazer sexo é, sem dúvida, um dos maiores prazeres da vida. Aliás, de acordo com a pirâmide de Maslow, mais do que um ato de prazer, fazer sexo é uma necessidade fisiológica básica, a par da respiração, comida, água, sono e abrigo. E é por isso que alguém que eu conheço acha que todos aqueles que vão para padre ou são homossexuais ou são loucos. Ora, tendo em conta que a maioria dos padres faz sexo, quer seja com homens, quer seja com mulheres, loucos são só aqueles que o fazem com crianças. E é por isso que não são os homossexuais que precisam de ajuda psiquiátrica, mas sim os pedófilos!

 

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