A minha esposa deu à luz... outra vez!
Para quem segue a página de Facebook deste blogue e/ou a página de Facebook da minha cunhada, o título não é nenhuma novidade, mas para quem não segue, esta é uma novidade em primeira mão: a minha esposa deu à luz outra vez, mas desta vez um menino.
Na altura do nascimento da minha filhota, eu não escrevi sobre como é viver um parto de perto e, por isso, vou tentar descrever da melhor forma possível aquilo que eu presenciei neste dia tão especial. Espero que gostem da descrição e que se sintam motivados para contribuir para a natalidade.
Foi no passado dia 10 de junho, Dia de Camões, que o meu filhote mais novo nasceu. Felizmente, a minha esposa não se apercebeu de que era feriado, caso contrário, teria sido mais ou menos assim:
– Amor, ele não vai nascer sem um olho, pois não?
– Não, amor, claro que não. Mas se nascer, em vez de Sebastião, registo Camões!
Na verdade, o bebé não só nasceu com dois olhos, ambos bem abertos, como nasceu perfeito e lindo como o pai. E como a mãe também, claro.
[Só para terem a noção do quanto a minha esposa é supersticiosa: Antes do nascimento da minha filhota, ela sonhou que a bebé tinha nascido com 7 dedos em cada mão e passou vários dias antes do parto preocupada com a hipótese daquilo acontecer só porque tinha sonhado com aquilo. E nem mesmo quando a irmã dela lhe disse – e com toda a razão – que mais valia nascer com dois dedos a mais do que com dois dedos a menos se ela se acalmou. Aliás, ou muito me engano ou só piorou.]
Quanto ao momento do parto, foi bem mais fácil do que o primeiro. Desta vez, ela só teve de fazer força duas vezes para o bebé sair. Aliás, segundo a enfermeira, se ela espirrasse, o bebé saía disparado. Como ela não espirrou, foi mais ou menos assim:
– Faça força como se fosse fazer um cocó.
[Como é que se explica a uma enfermeira que esta não é a melhor frase para os pais ouvirem quando o seu filho está prestes a nascer?! É porque, já da primeira vez, esta foi a frase que eu mais ouvi na sala de partos…]
Enfim, mais constrangedor do que comparar o meu filho a um “cocó”, só mesmo assistir a um cenário de quatro pessoas a olharem para a vagina da minha esposa, com o médico a dizer:
– Eh, que maravilha...
Atenção: Não é que eu não ache que a vagina da minha esposa seja uma maravilha e/ou que faça maravilhas, mas não me parece que aquele momento seja o mais oportuno para fazer este tipo de observações.
E quando nasce, aquele momento em que os pais devem deixar cair uma lágrima de emoção: a mãe porque finalmente vai poder comer um bife do lombo mal passado, o pai porque tudo vai voltar a se repetir… E porque uma imagem vale mais do que mil palavras, fiquem com a descrição da imagem mais linda do parto: um bebé, todo ensanguentado, com um cordão esverdeado prestes a ser cortado...
E depois do parto, já na enfermaria, a pergunta da praxe, claro:
– Então, para quando é o próximo?
Eh pá, ela acabou de parir... Desculpem o termo, mas é que é mesmo assim: PARIR! Tanta coisa para falar, mas não: queremos é que a mulher pense na sensação de parir novamente, quando acabou de parir há poucas horas. Mas mais impressionante do que a pergunta, só mesmo a resposta da minha esposa:
– Gostava de ter quatro filhos.
Pronto, estou lixado. Já não me bastava ela estar a dizer-me aquilo a toda a hora e instante, agora também vai começar a dizer a toda a gente. Aposto que é para ter testemunhas quando eu disser que não me lembro de ela ter dito que queria ter quatro filhos. Como se não bastasse, quis o destino que ela dividisse o quarto do hospital com uma outra grávida que tinha acabado de ter o seu quarto filho. E não era a única. As duas amigas que a iam visitar todos os dias também tinham quatro filhos cada uma.
[A ser aprovada a proposta de Rui Rio de 10 mil euros por filho, só naquela sala, contavam-se 120 mil euros, sem contar com a minha esposa.]
E quando o tema de conversa era “laqueação”:
– Oh, rapariga, tu tens de ser “laqueada”. Tu não me tragas mais filhos ao mundo.
– Nem pensar. Eu não quero ser "laqueada".
– Olha, eu cá fui “laqueada”, mas – o senhor que me desculpe a linguagem – tesão não me falta. Ando mais "entesoada" do que nunca.
[Sim, as mulheres eram de Câmara de Lobos e o recurso ao calão era bastante frequente.]
E depois das primeiras visitas, o momento de registar o nome do bebé: Sebastião Maria. Sim, é verdade: a irmã é Maria Pia e o irmão é Sebastião Maria. Porquê Maria?! Porque, daqui a uns anos, quando eu chamar Maria, quero que venham os dois para a mesa sem eu ter de me cansar a chamar dois nomes. Quanto a eles, ou muito me engano, ou vai ser mais ou menos assim:
– Maria Pia, és Sanitana ou Roca?
– E tu, Sebastião Maria, és menino ou menina?
[Sinceramente, estou ansioso por saber qual dos dois é que será mais perspicaz...]
E se pensava eu que a escriturária da Conservatória ia levantar alguma questão que pusesse em causa o nome do meu filhote, eis que não:
– Vou lhe fazer algumas perguntas para as estatísticas nacionais, pode ser?
– Sim, claro.
– Qual é a data do seu casamento?
É impressão minha ou ela estava mais preocupada com o meu casamento do que com o registo do nome do meu filhote?!... Ou muito me engano ou a resposta a esta pergunta não era para as estatísticas nacionais, mas sim para dar conhecimento à minha esposa. O que vale é que eu respondi acertadamente.
E depois de dois dias intensos no hospital, eis que chega o momento mais esperado: a saída do hospital e a chegada a casa do novo membro da família.
E agora que o meu filhote recém-nascido chegou a casa, sinto que o meu maior desafio nos próximos dias vai ser conseguir fazer entender à minha filhota de 20 meses que o irmão não é um Nenuco e que os bracinhos e as perninhas dele não são de encaixar e desencaixar...